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Inflação tem resultado mais alto para janeiro desde 2016

02/03/2022
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A inflação no Brasil começou 2022 com desaceleração. Após ficar em 0,73% em dezembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou janeiro em 0,54%. Mesmo com a perda de ritmo, esse é o maior resultado para o mês de janeiro desde 2016, quando o país anotou 1,27%. O dado foi divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


O grupo de alimentação e bebidas, com variação de 1,11%, teve o maior impacto no índice do mês (0,23 ponto percentual). A alimentação no domicílio influenciou essa alta, com destaque para elevação nos preços de carnes (1,32%) e das frutas (3,40%). Os preços do café moído (4,75%) subiram pelo 11º mês consecutivo, acumulando alta de 56,87% nos últimos 12 meses.


Já a desaceleração no índice do mês foi puxada pelo grupo de transportes, que recuou 0,11% após subir 0,58% em dezembro. Esse foi o único dos nove grupos pesquisados com queda em janeiro. Redução nos preços das passagens aéreas e dos combustíveis contribuíram para esse movimento.


O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), afirma que a alta na Selic ainda não tem participação nessa desaceleração, pois o efeito do juro alto nesse processo é lento. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa Selic em 1,5 ponto percentual, rompendo, pela primeira vez em quase cinco anos, o patamar de dois dígitos. Foi o oitavo aumento desde março do ano passado, e a taxa básica de juros da economia brasileira, agora, está fixada em 10,75% ao ano. Braz explica que a perda de ritmo na alta dos preços ocorre diante de fatores sazonais:


– Efeitos sazonais contribuíram para baixo, com as quedas nas passagens aéreas, no transporte por aplicativo e uma desaceleração nos preços em restaurantes.


No acumulado de 12 meses, a inflação no país está em 10,38%. A meta para o IPCA deste ano é de 3,50%, com intervalo de tolerância de 2% a 5%. Problemas envolvendo o preço do petróleo e o ano eleitoral são impeditivos que afastam ainda mais a possibilidade de atingir a meta de inflação neste ano, segundo o economista.


– Juros altos num ambiente de incerteza fiscal não contribuem para atrair investidores, dificultando a entrada de recursos, motivo que vem sustentando o real desvalorizado. Além disso, os juros altos não favorecem o aquecimento da atividade econômica, mantendo o desemprego elevado e o PIB muito baixo – pontua Braz.


O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), Oscar Frank, afirma que a inflação, considerando uma janela de 12 meses, seguirá pressionada no primeiro semestre e elevada no país. Desaceleração mais perceptível no índice deverá ocorrer apenas na segunda metade do ano, segundo Frank. No entanto, destaca que esse movimento não significa voltar aos preços de 2021 ou 2020:


– Os preços vão continuar crescendo, porém com movimento mais lento. E a gente tem fatores que pesam para ambos os lados. Se por um lado tem a questão do juro que segura um pouco o avanço da inflação, por outro tem outras questões que devem ser observadas com muita atenção. Por exemplo, o aumento do preço dos alimentos, que já teve sinalização em janeiro, acredito que justamente por esses problemas climáticos.


Rio Grande do Sul


Já a região metropolitana da Capital registrou recuo de 0,53% no IPCA em janeiro. A Grande Porto Alegre foi a única área pesquisada no país (entre 16) com retração no indicador. Essa é a queda de preços mais intensa na região desde o início do Plano Real, em 1994, segundo o IBGE. Mesmo com o recuo, a inflação acumulada em 12 meses segue na casa dos dois dígitos (10,13%).


Dos nove grupos pesquisados no IPCA, dois apresentaram variação negativa em janeiro na Região Metropolitana. O destaque ficou por conta de habitação. Dentro desse segmento, o recuo nos preços da energia elétrica (-6,81%) é um dos principais motivos para o resultado. Segundo grupo com retração no indicador, transportes recuou 2,32%, puxado por redução em alguns itens, como a gasolina.


Oscar Frank afirma que a deflação registrada na Grande Porto Alegre está atrelada à redução de alíquotas de ICMS no Estado, que entrou em vigor no primeiro dia do ano:


– Nós tivemos tanto a diminuição da alíquota modal quanto das chamadas blue chips, ou seja, de energia, de telecomunicações e também dos combustíveis. Isso acabou sendo bem importante e determinante para explicar essa diferença que tivemos em comparação com a média nacional.


Frank acrescenta que a desaceleração da inflação no país seria menor em janeiro caso a Região Metropolitana não apresentasse recuo no índice. Em simulação levando em conta eventual avanço de 0,54% no indicador regional, mesmo nível do país no mês, o IPCA nacional teria acréscimo de 0,09 ponto percentual, subindo de 0,54 para 0,63, segundo o economista.


Fonte: Jornal Zero Hora – Edição impressa em 10 de fevereiro de 2022.

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